A 44ª edição da Exposição Nacional e Pré – Olímpica – 2017 vai ter como palco Fafe, a cidade situada entre as margens dos rios Vizela e Ferro. A organização, que está a cargo da Associação Columbófila do Distrito de Braga (ACD Braga), promete que a cidade fafense, que é conhecida como ” a sala de visitas do Minho”, está preparada para acolher o evento, que decorre entre 6 e 8 de Janeiro de 2017.
A FPC esteve à conversa com o presidente da direção da ACD Braga, José Luís Barros, columbófilo e um entusiasta da modalidade.
Qual foi a reação que teve, enquanto presidente da direção da ACD Braga, quando soube que o distrito, nomeadamente a cidade de Fafe, foi a escolhida para organizar a Exposição?
José Luís Barros (JLB) – É uma sensação de satisfação. Decidimos avançar para a candidatura porque entendemos que será algo benéfico para a nossa Associação. Temos um sentido de responsabilidade grande, sabemos o que é que “temos em mãos”, e, como tal, esperamos estar a dar um bom contributo para que a nossa modalidade desportiva, a columbofilia, dê mais um passo em frente. Esperamos que esta Exposição marque a diferença em alguns aspetos.
Falou em “marcar a diferença em alguns aspetos”. Como pretendem fazer isso?
JLB – Pretendemos que todos, sem exceção, ou pelo menos só quem não tiver acesso à Internet, em qualquer parte do nosso planeta, possam visitar virtualmente a Exposição. Vamos também ter em direto alguns momentos chave do evento. Registos fotográficos e vídeos, bem como outros materiais informativos sobre a Exposição vão estar disponíveis online. O objetivo é proporcionar a toda a gente uma visita ao evento, inclusive para as pessoas que não vão conseguir deslocar-se até Fafe. Acho que é importante levarmos a 44ª Exposição Nacional aos quatro cantos do Planeta. Noutro âmbito, damos o nosso cunho em diversas situações, como é o caso dos momentos solenes e de entregas de prémios, em que o objetivo é, para além do ato em si, juntar mais um bocado de emoção, por exemplo, através de música instrumental e sinfónica, para além da própria apresentação dos resultados e das classificações também poder ser feita em ecrã gigante, com uma apresentação dinâmica. O objetivo é “ prender” a atenção dos presentes, ao mesmo tempo que procuramos que quem vai receber o prémio se sinta ainda mais lisonjeado. Estas são algumas das apostas.
Neste momento, eventos como os Campeonatos Internacionais de Mira 2016 ou, até a própria Exposição, têm uma componente de divulgação e de produção de conteúdos multimédia mais alargada. Que importância é que a organização atribui a esta vertente?
JLB – É algo muito importante. No nosso caso, por exemplo ao nível da organização das galas para entrega de prémios distritais da ACD Braga, já apostamos nessa vertente. Ao longo dos anos fomos notando que as pessoas, realmente, têm reações muito positivas quando contactam com conteúdos multimédia. Por esta razão e pela experiência que fomos adquirindo, entendemos que nesta Exposição poderíamos ter esta componente muito presente. Um dos nossos parceiros para o evento é a Escola Profissional de Fafe, que faz parte da Associação Empresarial de Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto e, através desta cooperação, vamos ter os alunos do curso de Multimédia e Fotografia a colaborar na cobertura de todo o evento. Temos também a Fafe TV, que vai ser importante na divulgação e na colocação dos momentos-chave da Exposição online. Entendemos que o multimédia é fundamental, porque faz prender as pessoas ao evento.
Falou em dois parceiros. Quais são principais apoios e parcerias que vão ter?
JLB – Começamos pela Câmara Municipal de Fafe (CMF), que foi a primeira entidade que contactámos. Da parte da CMF o apoio foi total, por exemplo na cedência das infraestruturas necessárias. Depois temos a imprensa local, caso do Jornal de Notícias de Fafe, que nos vai ajudar na comunicação. Destacar também a disponibilidade para colaborar demonstrada pela nossa coletividade local, a União Columbófila Fafense. A estas que eu disse juntamos a Escola Profissional de Fafe e a Fafe TV, que referi anteriormente, e temos o leque dos nossos principais parceiros.
A Exposição Nacional está regresso ao Minho. José Luís Barros aborda o tema e mostra orgulho pela atribuição da organização à cidade de Fafe.
Desde 1987, fará em janeiro do próximo ano 30 anos, que a região não acolhia um evento deste género, na altura foi na cidade de Guimarães. Que sentimento tem, enquanto columbófilo, ao ver novamente a organização no Minho?
JLB – A sensação generalizada dos nossos columbófilos era a de que, passe a expressão, já eram horas da Exposição regressar a esta região. Há 30 anos que não se realiza no Minho, nessa altura eu já era columbófilo, mas não me recordo de ter visitado a Exposição, passou-me um bocado ao lado. Agora temos novamente o evento cá e, de forma geral, os nossos associados e as pessoas que não estão ligadas à columbofilia com as quais temos falado, estão muito satisfeitas com a possibilidade de assistir e visitar a Exposição Nacional. Claro que quem vive mais para a zona Sul de Portugal vai ter mais dificuldades em vir cá, mas a descentralização traz estas vantagens e estes inconvenientes, ainda assim, considero que traz mais pontos positivos que negativos. Quando descentralizamos estamos a dar a oportunidade para que, em cada ano, outras pessoas possam ver e, ao mesmo tempo, estar presentes num evento desta magnitude. Em suma, há uma enorme satisfação pelo facto desta iniciativa ter lugar na nossa zona.
Como vai ser feita a divulgação da Exposição?
JLB – Teremos vários canais para esse fim. Localmente a imprensa está já a começar a fazer a primeira divulgação, através da saída de algumas entrevistas sobre o conhecimento da realização da Exposição em Fafe. Também o Gabinete de Imagem da C. M. Fafe está a preparar a difusão de informação, nos seus meios, sobre o evento e, logicamente, que iremos produzir cartazes e outdoors alusivos à iniciativa. Vamos ainda criar uma página na rede social Facebook que vai ser atualizada com todo o tipo de conteúdos inerentes à Exposição, destacando aqui a cidade de Fafe e as suas tradições, mas não só. Há mais ideias pensadas, mas que ainda têm de ser melhor desenvolvidas. O objetivo é fazer com que todas pessoas se sintam ainda mais motivadas a visitar o nosso espaço.
A escolha da seleção nacional que vai estar presente nas Olimpíadas, que vão decorrer em Bruxelas, na Bélgica em Janeiro de 2017, vai decorrer nesta Exposição. Este é um fator que dá ainda mais relevo e destaque ao evento?
JLB – Acho que sim. Esse dado traz um valor acrescido de interesse, podendo levar o público a aderir ainda mais. Conseguindo concretizar tudo o que está previsto, acho que poderemos fazer desta Exposição um marco a nível nacional, consumando um passo em frente na evolução do conceito do próprio evento. Esperamos que sirva de modelo, conforme as edições anteriores serviram para nós, e que deixe um legado para o futuro, para que aqueles que nos procederem consigam pegar em ideias desta 44ª edição e as possam melhorar, porque, no fundo, o primeiro objetivo é sempre fazer melhor do que aquilo que já foi feito.
Tem ideia, neste momento, de um número aproximado de pessoas que vão estar envolvidas na organização, para além dos elementos da ACD Braga?
JLB – Ainda não tenho um número aproximado das pessoas que vão estar envolvidas. Vamos ter algumas reuniões com os nossos parceiros na organização. Só depois disso é possível falar nesses números. Quero destacar a disponibilidade já demonstrada pela União Columbófila Fafense e por outras coletividades aqui do distrito de Braga, para ajudar no que for necessário. Há uma conjugação de esforços e de vontades no sentido de todos colaborarem para que o evento seja um sucesso.
Olhando agora para a direção da ACD Braga. Podemos ver que é um corpo diretivo relativamente jovem, no que ao nível etário diz respeito. Que opinião tem sobre o associativismo jovem em Portugal?
JLB – Acho que precisamos de fazer alguma coisa para mudar o panorama geral do associativismo jovem no nosso país. Aqui, no nosso distrito, temos dado alguns passos nesse sentido. A direção da Associação pode servir de exemplo, porque é, de facto, jovem, no que à idade diz respeito, quando comparada com outras direções. Faz falta envolver todas as faixas etárias nos eventos e na Columbofilia em geral, porque, por vezes, há a necessidade de “refrescar” as ideias e de ter novas iniciativas. As mentalidades de hoje são diferentes e isso faz falta na nossa modalidade. Temos de procurar atrair as camadas mais jovens para as direções das Associações e para este desporto em geral, ao mesmo tempo que lhes damos o devido valor, pois só dessa forma é possível renovar o nosso desporto. Os jovens que entram na modalidade são em menor número, quando comparados com aqueles que saem e é isso que devemos tentar alterar.
Espera que este evento atraia esses jovens para a Columbofilia?
JLB – Sim, espero que a Exposição contribua muito para isso. O facto de nós ter-mos uma escola envolvida na organização é importante também nesse aspeto, pois vai permitir-nos chegar a outras instituições de ensino e, por consequência, estarmos próximos desse público mais novo. As atividades paralelas à Exposição que vão ser dinamizadas também têm como objetivo fazer essa promoção da modalidade junto da juventude. Quem sabe se através disto não conseguimos trazer novos praticantes para a Columbofilia. Quero salientar também o papel dos columbófilos mais experientes, porque é preciso saber receber os mais novos e dar-lhes condições e incentivo para que continuem a querer praticar a modalidade. Sem dúvida que temos de fazer alguma coisa no sentido de os “chamar” para este mundo.
Que projetos e ações de promoção da modalidade têm previstos para o fim-de-semana de 6 a 8 de janeiro de 2017?
JLB – Ainda vou ter alguns encontros com diretores de diversos agrupamentos de escolas da nossa área, mas, em princípio, vamos lançar o desafio para um concurso de fotografia, um de desenho e um de pintura, tendo como temática comum o pombo-correio. Isto será uma forma dos estudantes mostraram as suas capacidades nestas áreas, ao mesmo tempo que têm contacto com a realidade columbófila. Vamos tentar trazer ao Pavilhão Multiusos de Fafe o maior número possível de escolas, ao mesmo tempo que esperamos que muitos agrupamentos colaborem connosco. Temos prevista a realização de um Colóquio, subordinado a um tema que envolva columbofilia. Vai haver uma largada simbólica de, aproximadamente, 3000 pombos-correio na abertura oficial da Exposição. Vamos transmitir em direto no pavilhão, vídeos e reportagens produzidos pela organização, entre outras iniciativas que vão decorrer nesse fim de semana.
A vertente social é uma marca deste evento. Que atividades estão pensadas dentro desse âmbito?
JLB – Nós queremos que todas as faixas etárias de pessoas, columbófilas ou não, visitem a Exposição. Vamos apostar forte numa boa divulgação do evento, para despertar a curiosidade do público. Durante a Exposição pretendemos proporcionar momentos culturais importantes. Por exemplo, vamos fazer a promoção da nossa gastronomia regional, do artesanato, dos jogos tradicionais – o típico jogo do pau, tão popular nesta zona, vamos ter uma atuação do rancho folclórico, vai haver uma exposição de trajes do Minho, entre outras “riquezas” do distrito de Braga e do município de Fafe que vão estar em contacto com o público. Temos um leque de atividades a desenvolver que vai fazer a diferença.
O evento vai ter como “casa” o Pavilhão Multiusos de Fafe.
Ao nível das infraestruturas, o que considera que irá distinguir esta organização, em relação às edições anteriores?
JLB – Todo o evento vai estar concentrado num só espaço, organizado de maneira a que o público consiga observar, de forma fácil e direta, a Exposição. O Pavilhão Multiusos de Fafe é uma nave única, pelo que, vamos procurar que os visitantes se sintam mais próximos daquilo que está exposto. O pavilhão dispõe de uma boa luminosidade e tem dois pisos superiores que contornam todo o piso 0, o local onde vai estar a decorrer a Exposição, estes dois pisos permitem que os visitantes possam ver tudo num plano superior. A nível protocolar vamos dar uma solenidade única aos diversos momentos que vão acontecer. O pavilhão permite também a colocação do ecrã gigante que vai estar a transmitir de forma contínua. Estas são algumas caraterísticas que podem elevar, em termos organizativos, esta Exposição Nacional.
Nota-se que ainda há columbófilos portugueses que valorizam mais o pombo-correio estrangeiro em detrimento do português. Partilha dessa opinião? Que ações podem ser dinamizadas com o intuito de alterar esta situação?
JLB – Isso, infelizmente, é uma realidade. Continuam-se a importar muito pombos-correio do estrangeiro e esquecemo-nos que nós cá, em Portugal, também temos excelentes pombos e isso tem-se visto pelos resultados que se vão obtendo em muitos eventos. A Federação Portuguesa de Columbofilia está a tentar contrariar essa tendência, através da valorização do nosso pombo. Essa ideia passa por cumprir, um pouco, aquilo que está estabelecido no Regulamento Desportivo Nacional, onde, na minha opinião, é defendido que todos os pombos que vão a uma prova devem ter a mesma igualdade de circunstâncias em termos de classificação. A criação da classificação do Pombo Ás é uma forma de, realmente, se dar um passo em frente neste sentido, dá o destaque à ave. Claro que continuamos a ver os nossos columbófilos muito preocupados com os campeonatos gerais e aí quem está em destaque são sempre eles, porque são os seus nomes que aparecem. Acho que neste aspeto os outros países estão à nossa frente, porque há uma maior valorização do pombo em detrimento do columbófilo. Ainda temos uma realidade diferente nesse campo, mas devemos evoluir no sentido de valorizar cada vez mais o pombo.
Olhando para Olimpíadas, podemos ver que Portugal tem tido vários medalhados em edições anteriores. Acha que vamos ter pombos-correio portugueses no pódio?
JLB – Eu espero bem que sim. Estou muito confiante e acho que podemos ter excelentes resultados em Bruxelas. Na última Exposição Nacional, nós, ACD Braga, conseguimos apurar alguns pombos – correio para representar a seleção. Foi com agrado que vimos que, graças a eles, tivemos uma das melhores participações, em termos de resultados, dos últimos anos. Para isto é necessário que a FPC faça cumprir, na íntegra, o que está estabelecido em termos de regulamentos, de modo a que os pombos com condições para obter bons coeficientes estejam presentes no evento. Só desta maneira é que as Associações e a Federação conseguem estar representadas, ao seu melhor nível, nas Olimpíadas. Espero que haja um esforço conjunto de todas as entidades, para que os columbófilos permitam a participação dos seus melhores pombos.
Na perspetiva da organização. Que mensagem querem deixar aos columbófilos de Braga? E para os columbófilos do resto do país, que palavras gostavam de lhes dirigir?
JLB – Aos columbófilos de Braga, gostava de lhes dizer que nós, direção da ACD Braga, estamos muito felizes por nos ter sido atribuída esta organização. Estamos conscientes da responsabilidade que assumimos, mas estamos a fazê-lo acima de tudo por eles, porque dessa forma todos, sem exceção, terão a possibilidade de assistir a um evento que se realiza “em casa”. É a pensar neles e na columbofilia distrital e local que vamos dar o nosso melhor. Em contrapartida esperamos toda a sua colaboração, quer no apoio à organização, quer através da sua presença. Queremos mostrar que o distrito de Braga tem ideias e competências para ajudar a columbofilia a ser cada vez melhor. A nível nacional, gostava de fazer o convite para que todos venham a Fafe, entre 6 e 8 de janeiro de 2017. Esta cidade é considera “a sala de visitas do Minho” e queremos fazer jus a este slogan. Estou seguro de que quem vier, se vai sentir bem e, acima de tudo, vai ficar satisfeito com o que vai encontrar.
A abrir 2017, a columbofilia portuguesa concentra atenções em Fafe. Entre 6 e 8 de janeiro do próximo ano, a 44ª Exposição Nacional e Pré – Olímpica promete mostrar os melhores pombos-correio portugueses e dar aos visitantes um olhar privilegiado sobre a excelência do desporto columbófilo praticado em Portugal.