CAMPEÕES NA FORJA: VALÊNCIA 2 ("JORNAL RECORD")
Os vencedores do Campeonato Nacional de fundo em columbofilia deverão ser conhecidos na próxima semana, após a homologação dos resultados da segunda prova que juntou 70 mil pombos na largada em Valência (Espanha). Depois de Aveiro, Portalegre e Évora terem dominado nas três zonas a primeira prova, dois destes distritos voltaram a estar em foco na segunda manga. A mais rápida foi uma pomba de 2008, propriedade de Rui Martins (Asas da Pateira), que percorreu 710 quilómetros até Fermentelos (Aveiro) a uma média de 84,5 km/h. Na Zona 2, o melhor atleta alado pertence a Fernando Jorge (Leiria), enquanto o mais rápido a sul mora no pombal de Jorge Barona Rodrigues, columbófilo da associação de Évora.
Em comparação com a primeira prova, em que as melhores médias rondaram os 90 km/h, desta feita, sem vento a favor e com temperaturas elevadas nas chegadas, só um dos vencedores distritais ultrapassou os 80 km/h. "Não estava nada a contar", avança Rui Martins, de 31 anos. "Estava para ir almoçar quando a pomba chegou e depois, com a excitação, já nem almocei ", conta a Record o agricultor de Fermentelos, que formou "Os Asas da Pateira" com a ex-namorada.
Já a pomba vencedora, com 7 anos, era anilha de bronze em velocidade na coletividade local. "É uma veterana com traquejo", brinca o columbófilo, que irá retirá-la de cena no final da época. "Já tem uma certa idade e no próximo ano passa para a reprodução", conclui.
Lilás fulgurante
Reformado da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Jorge Barona Rodrigues, de 63 anos, é columbófilo desde 1965 e foi o vencedor da Zona 3 na Valência II. "Sempre gostei das provas de fundo. O vento tem muita influência na velocidade, mas no fundo eles têm de vir a ‘sério’", sublinha o presidente da Associação Columbófila Corvalense (São Pedro do Corval), que este ano não andava a pontuar bem. "Foi uma desgraça. Em duas provas mandei 40 pombos e voltaram 20. Quando fui ao pombal escolher os pombos para a competição de Requena, descobri um lilás de 2013 que o melhor que tinha feito fora um 17.º lugar. Decidi experimentá-lo, e não é que o pombo venceu essa prova com meia hora de avanço sobre o 2.º e voltou a ganhar a de Valência dez dias depois com a mesma vantagem", exclama.
Prémios
Refira-se que o resultado final do Nacional de fundo é apurado no cômputo das duas provas realizadas em maio e junho, premiando os 14 vencedores distritais (750 euros para cada) e os melhores das três zonas (1.500 euros), e não apenas um campeão nacional. "Assim temos mais verdade desportiva", sublinha Almerindo Mota, da FPC.
Uma promoção extraordinária para... Mira
A enorme adesão dos columbófilos nacionais nas provas de Valência deixou a Federação portuguesa (FPC) entusiasmada com o futuro da modalidade, até pela "promoção extra" que a segunda prova teve, com os receios de que uma invasão de pombos no céu ibérico pudesse provocar problemas na circulação aérea. "Foi um mito que se criou, pois 70 mil pombos não voam em bando. É como os 65 mil espectadores que saem do Estádio da Luz no final de um jogo... Cada um segue para sua casa. E a realidade é que não houve problema nenhum", afirma Almerindo Mota, coordenador desportivo da FPC.
Este fim de semana marca o fim das competições promovidas pelas associações distritais, seguindo-se a fase dos dérbis (provas para pombos de 3/4 meses) com vista ao encontro de Mira, a 19 de setembro. "É o ponto de encontro e convívio de todos os columbófilos do país", explica Almerindo Mota um evento em que serão lançados cerca de dois mil pombos a 450 quilómetros de distância. A prova coincide mais uma vez com o Campeonato da Europa, onde estarão presentes seleções de todos os países com columbofilia.